História

A Santa Casa da Misericórdia de Cascais foi instituída a 11 de junho de 1551 para a prática das catorze obras de misericórdia do catecismo da Igreja Católica, cedo se transformando numa instituição de referência a nível assistencial.

No âmbito das «obras corporais» cumpria à irmandade «remir os cativos e visitar os presos, curar os enfermos, cobrir os nus, dar de comer aos famintos, dar de beber a quem tem sede, dar pousada aos peregrinos e pobres e enterrar os mortos». Já ao nível das «obras espirituais» tinha por objetivo «ensinar os simples, dar bom conselho a quem o pede, corrigir com caridade os que erram, consolar os tristes desconsolados, perdoar quem errou, sofrer as injúrias com paciência e rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos».

Século XIX

Século XXI

A irmandade era regida por um Provedor, secundado pelo grupo de irmãos que formava a Mesa Administrativa. Instalar-se-ia na Ermida de Santo André, que em 1575 já considerava sua, mandando executar em 1590 um retábulo atribuído a Cristóvão Vaz, de que subsistem quatro tábuas, atualmente em exibição no Museu. A antiguidade do templo é igualmente atestada por uma lápide sepulcral datada de 1622, que se preserva na capela batismal.

A destruição provocada pelo terramoto de 1755 conduziria, entre 1759 e 1781, à edificação de uma nova Igreja da Misericórdia, de gosto neoclássico, marcado pelo frontão curvo interrompido que encima a entrada principal. Contudo, por dificuldades financeiras, a obra não seria concluída, nomeadamente ao nível do remate da frontaria e das torres sineiras, que em 2022 viriam a ser intervencionadas e dotadas de um novo sino.

A Misericórdia de Cascais afirmou-se ao longo dos séculos como uma associação de devotos com vista ao estabelecimento de laços de solidariedade, que se estendia também à comunidade, nomeadamente aos mais carenciados, como o atesta, em 1587, a anexação do Hospital dos Mareantes Pescadores, com suas rendas, foros e bens, que funcionava na atual Praça 5 de Outubro. Em 1592, a irmandade decidiu construir um edifício junto à Ermida de Santo André para reinstalar este hospital e montar a «casa do hospitaleiro», que seriam alvo de profunda intervenção no ano de 1777. A farmácia aí funcionaria até 1868. Já o hospital apenas deixou o pátio da Misericórdia em 1941, com a inauguração do Hospital Condes de Castro Guimarães.

Ainda hoje continua a reforçar a sua ação social, nomeadamente ao nível do apoio à infância, juventude e terceira idade, apostando também na preservação do património histórico e cultural que detém, como o atesta o restauro da Igreja e a inauguração do Museu da Misericórdia de Cascais, em 2022.